08 agosto 2009

a Alice já não mora aqui


Só pedi emprestado o título do post ao Martin Scorsese. Nem sei bem porque me lembrei da Alice mas acho que só pode ter sido por ter estado a ler um daqueles destacáveis do 'Expresso' que debita informação sobre regiões; como estou do lado sul, de Grândola a Alhos Vedros, vale tudo. E sim, só pode ter sido por isto e porque acabei por ler qualquer melhoria rodoviária em Palhais. Para além do rótulo do queijo, Palhais, ficou-me na memória de teenager de 16 anos como o sítio de onde vinha o namorado da Alice.
Alice era uma 'encalhada' em termos amorosos, também era uma vizinha, também tinha lastro a mais; daí a âncora presa, julgo eu. Ela já tinha passado os trinta há muito e o 'best before', na opinião dela, já se começava a notar. Até um dia.
Um dia, apareceu o princípe encantado. Baixinho e com uns óculos de massa negra e lentes esverdeadas tipo-fundo-de-garrafa. Tipo simpático mas que se via à nora para vir namorar ao lado almadense. 'Porquê?' lembro-me perfeitamente de lhe ter perguntado numa ocasião 'Porque tenho de apanhar um autocarro para o Barreiro, depois o barco para o Terreiro do Paço, outro barco para Cacilhas e mais outro autocarro para chegar aqui'
De facto, nessa altura, a mobilidade era francamente condicionada a muitos factores externos à vontade de um tipo, mesmo quando corria por gosto.
Um dia também, sem alvoroço ou pré-aviso, a Alice mudou-se. Presumo que tenha sido por ter decidido facilitar-lhe as deslocações.

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