26 maio 2009

Reviver o passado: à procura de Zé Caeiro


Não conheço muitos 'Caeiros', tirando o Alberto que escreveu uma vez

Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas
a da minha nascença e a da minha morte.

Entre uma e outra todos os dias são meus.


e o super estafeta Caeiro que comigo trabalhou durante alguns anos, só conheço outro: o Zé Caeiro.
O Zé vem do tempo dos bancos do Liceu e das aventuras de Verão por terras galegas, onde, sem carro ou qualquer outro veículo que ande por nós, se fez um dia a heróica proeza de ir a pé (sim, a pé) desde o antigo 'parque de campismo' da mata de Albergaria no Gerêz (estávamos no final dos anos 70) até Lobios, já bem para lá da fronteira de Portela do Homem, e daí até Bande. O objectivo era Ourense e Lugo, o que se conseguiu à pála de boleias e pernoitas em locais mais ou menos ermos. O regresso, foi bem pior: de novo a pé de Lobios até Albergaria e recordo-me que nunca me souberam tão bem umas não sei quantas peras bravas raquíticas. Éramos três ou quatro de volta de um farnel curto, a bem dizer.

Zé, já na altura era um desportista -por isso aquela marcha foi quase uma 'brincadeira'- daquele desporto a que nunca achei grande piada: futebol. Tinha -ele- na ideia um desses dias vir a jogar em Gijón. Não sei se chegou a acontecer, mas penso que um mestrado em História de Arte terá falado mais alto nas opções a tomar.
Foi um período cheio de emoções e aventuras -continuam vivas apenas na memória- que foi, naturalmente, arrefecendo por via do caminho profissional que tomámos a meio dos anos 80. Para trás ficaram as tardes do Rock Rendez Vous ou a música semi-alternativa dos The Motels.
Tanto eu como ele tínhamos uma extensa (mesmo muitooo extensa) galeria de LP's, entre os quais, sobrevive ainda hoje aqui na minha, agora reduzida, galeria de clássicos em vinil um dos melhores álbuns alguma vez publicados: 'The dark side of the moon'. A imagem lá de cima, é o interior desse velho LP, onde grande parte da nossa turma terá assinado, talvez, em vésperas de 'férias grandes', não me recordo. Sei que o Zé tinha um jeitaço para as letrinhas góticas (terias feito sucesso junto da Adobe com um Type1 teu, se ela existisse na altura. Digo eu.) de resto, visível aqui. Góticos à parte, vê lá Zé, se reconheces a tua assinatura na imagem.

N., a quem dediquei um post anterior e, nesta altura, já com encontro agendado, falava-me ao telefone de amigos comuns e é aqui que surge esta nova 'demanda', portanto, Zé, desta vez calhou-te a ti, caso tropeces por aqui também.
Não procuro um 'living in the past', nem protagonizar uma edição de autor tipo 'amigos de Alex' até porque não sei se o resto das pessoas estará para aí voltada.
Pergunta, então, que se pode colocar: 'se é assim, porque é que o contacto quebrou?' Pois não sei. Talvez a vida seja um imenso tabuleiro do jogo da glória. Talvez porque tenha de ser mesmo assim.

1 comments:

Jean-Paul G. disse...

Meu caríssimo Luís, a vida é mesmo assim: feita de encontros, desencontros e reencontros. É o 'mary-go-round' de todos nós. Espero que este corra tão bem como parece ter já corrido com a anterior.
(e olhe: não conhecia os The Motels!)
abraço amigo,
JP