12 maio 2011

apple: stock zero.pt


O que se me oferece dizer aqui sobre esta notícia do 'Diário Económico' será citar Augusto Abelaira: 'homens de havemos de fazer, nunca farão nada na vida'.

Mas também me apetece rematar com o seguinte: esta atitude da Apple, em particular a portuguesa, porque deverá ter sido criada para gerir o negócio em Portugal e isto aqui fará parte certamente das suas competências, é inaceitável. Se o problema -tal como a notícia diz- vem já desde Março, como é que é possível em dois meses não o terem solucionado, mormente através de outra via, já que ela existirá ou as lojas Fnac não estariam a ser abastecidas, certo?
A mim, por 'deformação profissional' dificilmente me pintariam um cenário que eu não entendesse de imediato até antes de acabar essa pintura, mas para o cliente anónimo isto é um péssimo 'cenário'. E se há coisa que a Apple não gosta mesmo, é de estar na imprensa pelos piores motivos; não é a primeira vez e não será seguramente a última, mas a imagem fica seriamente afectada, particularmente pela ineficácia demonstrada e, naturalmente, a ser verdade o motivo do 'stock zero', isto é coisa para já ter ultrapassado as fronteiras portuguesas, o que é pior ainda, porque a montante, pelos vistos, também ninguém se terá mexido.

Então qual será o objectivo? Matar o canal tradicional que há décadas existe neste país e que são um motor importantíssimo no desenvolvimento do negócio ? Atribuir às lojas Fnac o estatuto de 'parceiro privilegiado' em detrimento dos outros ? Sim, porque, uma vez mais, a notícia refere que são esses que estão a ser abastecidos, ora isto é um previlégio, ou não? E onde ficam os tais APR-Apple Premium Reseller que são o decalque das lojas próprias da marca? Aparentemente não terão previlégio algum e somente obrigações. E isto sem falar no serviços de reparação, o chamado 'Service', porque sem sombra de qualquer dúvida um assunto (sem stock de produtos) estará intimamente ligado aos serviços de assistência e reparação dos equipamentos, ou seja, também não deverá existir peças de substituição, a menos que também aqui tenha sido criado uma alforria especial para algum. O que não me surpreenderia.
Portanto, para um cliente novo, a inexistência de produto é vista com aquele franzir de sobrolho do tipo 'mas não há porquê ?' e aqui a resposta deve ser difícil de dar e depende da boa vontade do cliente querer ou não aguardar pacientemente -ou não- pela vinda do produto que pretende; por outro lado, para aqueles que já têm equipamento e por alguma razão têm uma avaria já fora de garantia (e mesmo esta...) , a passividade por certo já não será a mesma, e com toda a razão.
Que imagem passa então a 'marca mais valiosa do mundo' para o consumidor e para os seus parceiros de negócio? Uma: ineficácia. E esta é desastrosa, mesmo para um mercado periférico como é o nosso, mas que tem peso. E o fabricante sabe disso, o que torna as coisas ainda mais insustentáveis do ponto de vista de compreensão, mas acredito que agora dêem um pulo da cadeira quando as coisas já estão na comunicação social.
Vamos ver se não será tarde de mais, porque não devem restar muitas dúvidas que já terão causado danos substanciais nos seus parceiros de negócio. E não devem ser colaterais.

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