19 abril 2011

sindicalismo: juniores de preferência


-Em que empresa trabalha?- perguntou a funcionária do CESP de Setúbal
- @#"?!% - respondeu a candidata à filiação no Sindicato.
-Humm... nunca ouvi falar falar. Há quanto tempo trabalha lá?
- 24 anos.
-24?? Ah não! Já não pode.
-Não posso?
-Não. Se tivesse menos tempo sim, agora com esse tempo todo... As pessoas só cá vêm na 'última' e há uma 'ordem de serviço' -apontando para um papel ranhoso colado na parede - que não permite isso.

Meu caro Carvalho da Silva, tenho-o em linha de conta como sendo um tipo inteligente, boa pessoa e quiçá real defensor dos direitos dos trabalhadores e mais outras coisas que normalmente debita quando discursa às massas. Mas isto, a que assisti, é realmente estranho num Sindicato afecto à sua Central Sindical, no meu ponto de vista. Terão assim tantos 'sócios' que se podem dar ao luxo de recusar novas filiações, ou, por outro lado, os Sindicatos já não são o que foram?
Que procedimentos mais tontos, que 'cassette' mais gasta num discurso não menos tonto desta delegação? O problema não é da delegação regional, será certamente estrutural. Numa altura em que, aparentemente, podem crescer, fazem como os chineses para travar o crescimento económico: refreiam.
É bom rever qualquer coisinha.

3 comments:

Rita disse...

Olá, não podia estar mais em desacordo consigo. As centrais sindicais, acho eu, devem ser encaradas com seriedade e honestidade, o que só pode ser atestado com alguma coerência o longo da vida. Recorrer a uma central sindical depois de tantos anos só porque se está à rasca acho que dá legitimidade a uma central sindical para encarar a situação como puramente ocasional e no limite até oportunista.
Isto, que eu escrevi, obviamente, não torna qualquer sindical imune a qualquer critica ou que eles próprios devam ser encarados como seres perfeitos, até porque não os há, em lado nenhum. Mas há um meio termo entre as duas coisas e nela deve residir, penso eu, o mínimo de constância e coerência de que falei acima. Ser sindicalizado mesmo quando não se precisa disso para nada é um exemplo disso, em termos mais latos até se pode chamar de coragem...

LMB disse...

CAPÍTULO IV

"Associados

Artigo 15.º

Têm o direito de se filiar no CESP todos os trabalhadores que estejam nas condições previstas no artigo 1.0 dos presentes estatutos e exerçam a sua actividade na área indicada no artigo 2.º"

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Denominação, âmbito e sede

"Artigo 1.º

O CESP - Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal é a associação sindical constituída pelos trabalhadores nele filiados que exercem a sua actividade nos sectores do comércio e serviços e profissionais administrativos de todos os sectores de actividade económica."

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"Artigo 2.º

O CESP exerce a sua actividade em todo o território português."

Rita disse...

Luís, não deve ter lido bem o que escrevi... eu disse que mesmo o sindicato não está imune a críticas... se aquilo que apenas têm em ordem de serviço não está nos Estatutos ou lá como lhe chamam isso é que está mal.
A "política" que está expressa na ordem de serviço acho-a da mais elementar justiça. Acha correcto que quem nunca pagou ou se preocupou se um sindicato tinha como sobreviver vá à última da hora recorrer a ele, quando outros trabalhadores, muitas vezes com pequenos salários, são sindicalizados há anos, num acto de solidariedade com outros trabalhadores? Olhe eu não acho justo e penso que é a necessidade de se ser solidário que está implícita na ordem de serviço. Não está nos estatutos, errado! Mas enfim, eu também não sou uma mulher de legalismos, mas de causas :)
Ser sindicalizado não pode corresponder a uma atitude pontual de "safar" a pele. Ser "sindicalizado" deve ser encarado como uma atitude de responsabilidade social e de solidariedade por pertencer a um dos "lados" do mercado de trabalho, normalmente o mais fraco.
O que acontece, é que por comodismo, ou para não gastar mais uns trocos ao final do mês em quotas, ou por medo de ser sindicalizado e o patrão não gostar, ou porque como está implícito no seu discurso são apenas gajos de "cassetes" ( o que já é no seu discurso incoerente, então para quê procurar esses chatos?), os trabalhadores estão-se nas tintas para os sindicatos. E depois quando são eles que estão em risco querem a solidariedade daqueles a quem nunca a deram...?