08 abril 2011

descomunicação social

Não somente a Imprensa ou Rádio, mas muito particularmente a televisão. Porquê 'descomunicação' ? Porque, na minha humilde opinião, a TV, no horário nobre das notícias e alinhamento comum ao 'oceano' de estações televisivas que temos, ou seja: 3 desdobram-se em comentários de especialistas de economia, finanças, política, qual deles com a pior opinião 'do que vem aí'. Durante meses comentavam e os pivots comunicavam que 'Portugal há muito deveria ter já pedido ajuda', que 'a ajuda externa era inevitável e bem vinda' etc. Tudo nesta linha.
Agora que essa tal ajuda da 'irmandade europeia' é uma realidade, desdobram-se as televisões em peças sobre a Irlanda e a Grécia, mostrando as consequências dessa mesma ajuda a esses que primeiro recorreram, criando o cenário mais dramático possível. Haverá certamente algum gosto preverso neste tipo de comunicação.
Às vezes as entrevistas de rua ao cidadão anónimo correm menos bem, quando se deparam com alguém que a uma pergunta de uma jornalista de uma dessas estações sobre o FMI, o cidadão anónimo lhe responde que 'sim, que se lembrava bem da entrada do fundo monetário internacional no pedido de ajuda de Portugal no início dos anos '80. Que teria nessa altura trinta e tal anos e portanto se recordava mas não atribuia nada de pesadelo colectivo a essa entrada. -Mas cortaram o 13º mês, retorquia a jornalista, -Sim, houve um ano em que o reduziram, mas as pessoas aceitaram isso, mas também nessa altura não havia o consumismo que hoje existe e o tempo era por isso diferente do actual e hoje só se fala mais nisso porque existe mais informação de todas as formas', rematou. E é verdade, é essa dita múltipla informação, que bastas vezes baralha o comum cidadão. Estava subjacente à reportagem que talvez dali saísse uma resposta dramática, mas não saíu. Mesmo assim passaram, não havendo 'sangue' para alimentar, porém.
A Imprensa vive do drama que interessa para fazer parangonas nas suas publicações, mesmo que algumas não se venham a cumprir, o mal está feito em primeiras páginas e as vendas disparam. No fundo, é isto que interessa. A 'notícia' é um bom negócio; se forem más, tanto melhor, se porventura forem boas, quem vai ligar?

Agora temos então um 'fundo de resgate' ou algo parecido. Acho curiosa a expressão 'resgate': dá a sensação que estamos reféns e que os captores exigiram uns milhões para nos libertar. Mas deve ter algo de verdade, porque um grupo de agiotas nos tem na mão, validada pela tal 'dívida soberana'. Secundados por outros captores a quem pomposamente chamam 'agências de notação financeira' que por cá andam desde o início do século XX e que se entretêm a disparar notas medíocres para as pautas dos países e empresas, não obstante atribuirem notas tipo Aaa a bancos internacionais que depois vêm a revelar desastres financeiros gigantescos. De resto, são estas entidades bancárias, por via da ganância e esquemas duvidosos, as responsáveis primárias pela situação que o comum mortal vive hoje um pouco por todo o mundo. Os bancos gostam de se vitimizarem e também não estão cá para o 'pé-descalço' na sua lente filosofia e acima de tudo não gostam de perder a sua capacidade de influência. Aliás viu-se isto esta semana por cá, não?
'His master's voice' não se aplica somente à indústria musical, aplica-se a outros que não discutem 'a voz do dono'.

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