24 janeiro 2011

hindenburg: de passagem por lisboa


A ideia original dos dirigíveis gigantes deve-se ao conde alemão Ferdinand von Zeppelin. Mais leve que o ar e que pudesse transportar pessoas foi a fixação do conde. E em 1911 o LZ-10 estava pronto para iniciar as suas carreira aéreas; fez mais de duzentas viagens transportando milhar e meio de passageiros. Tudo parecia de feição. Tanto assim, que na 1ª grande guerra, os Zeppelins fizeram a sua quota-parte nas largadas de bombas sobre Londres. De mansinho, sem barulho.
Depois da guerra, veio de novo o espírito empreendedor e surge o Graff Zeppelin, substancialmente maior que os anteriores e capaz de viagens transatlânticas, competindo com os paquetes. Mas faltava um: ainda maior e mais luxuoso, tão grande que quase tinha o comprimento do seu congénere transportador marítimo, o Titanic. Por dentro, também ninguém se podia queixar: o luxo era idêntico, com quartos e casa de banho e longas paredes envidraçadas, do novo dirigível: o Hindenburg.
O único óbice era a chatice de não se poder fumar, excepto numa área reservada e à prova de fogo. Isto porque o imenso balão tinha sido previsto ser cheio com hélium ao invés de hidrogénio altamente inflamável, mas acabou por o não ser: o gás hélium na europa era difícil de produzir e os EUA tinham o monopólio da produção, ora estando Hitler a caminhar para o palanque do poder, os americanos, não se fiaram. Não restou outra alternativa que não fosse atestar com hidrogénio, a contra gosto de Göring, que mais tarde haveria de comandar a Luftwaffe.
A 3 de Maio de 1937, o Hindenburg sai de Frankfurt com destino aos Estados Unidos, para onde já tinha voado uma dezena de vezes a uma velocidade média de 130Km/h. Mas esta seria a última. A 6 de Maio, sobrevoa Boston, mas o mau tempo impede o comandante Max Pruss de aterrar na base naval e aérea de Lakehurst à hora prevista, perto do meio-dia, daí que decide fazer um tour por Nova Iorque até que o tempo amaine, mostrando as maravilhas da vista aérea da 'big Apple' aos seus 90 e tal passageiros. Seis horas depois recebe a informação que já existem condições para aterrar e é isso que ele tenta fazer.
O resto da estória fica para a história, documentada em filme, qual 'breaking news' de uma CNN da altura, na voz emocionada do repórter Herbert Morrison que a tudo assistiu e pode ser visto aqui em baixo. A maioria salvou-se -por milagre certamente- mas a carreira dos dirigíveis rígidos terminaria ali. Por Lisboa, passou em 1936.



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