29 março 2010

saúde: hoje há greve, amanhã não sabemos


Santiago, que nem uma semana ainda tem, já começou a experimentar a complicada vida real onde veio parar. Se teve o azar de ficar em estadia um pouquinho mais prolongada no 'hotel dos nascimentos' e ter feito o 'check out' num domingo à tarde, já está tramado para fazer o teste 'do pézinho' que, de acordo com quem nos trata da saúde, deverá ser feito entre o terceiro e sexto dia de existência. Logo por azar há greve de enfermeiros de segunda a quinta-feira, já que sexta, por ser 'santa' não teria nunca serviços. A primeira semana pascal do rebento fica assim já assinalada. Na extensão do centro de saúde da Graça, a informação telefónica veio rápida: 'os senhores enfermeiros estão em greve. Hoje já não posso marcar e para amanhã não sei se a senhora enfermeira estará cá, por isso não posso marcar nada porque iria contra os propósitos da greve. Mas posso já marcar para de hoje a oito dias'. Então mas o teste não tem de ser feito entre o terceiro e o sexto dia?- pergunta-se. 'Sim, é conveniente. Mas como há greve...'
É interessante este ponto de vista e atenção dada aos tais cuidados primários de saúde, neste caso, a recém-nascidos, os quais não deverão integrar as alíneas dos 'serviços mínimos a prestar'. Interessante também, não existir, aparentemente, alternativa ao local para ser feito o teste de Guthrie: é da competência do centros de saúde da área de residência dos pais. Parece assim, algo muito exclusivo. Tão exclusivo que no remate de conversa ainda houve lugar para 'mas pode tentar vir amanhã, pode ser que a senhora enfermeira cá esteja'. Claro, até porque estas coisas se fazem, por cá, por tentativa. Tipo tiro-ao-alvo.
Inqualificável.
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Um telefonema ao final da manhã para o hospital da CUF resolveu o problema. 'Qual o preço do teste?' perguntou a mãe. 'Gratuito. Fica marcado para amanhã às 11h.'
Et voilá.

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