05 novembro 2009

sei não

O melhor das 'stores' de informática-da-moda é terem colaboradores produtores de fino e 'fabulástico' azeite. A sério.

Um dos meus melhores trabalhos (ou emprego, como quiserem) foi precisamente ligado à ruralidade. Aliás, foi a única vez que tive o patrão em casa a negociar a minha entrada. Isto foi no século passado e eu tinha dezanove anos ou coisa por aí e as férias tinham começado. Ia substituir uma queijeira durante quase dois meses. Ouro sobre azul.
O projecto de um engenheiro agrónomo simpatiquíssimo ia arrancar numa pequena quinta (já não existe e uma urbanização aberrante nasceu por lá) em Vila Nova de Caparica. E o que era? Aquilo que hoje é banal encontrar-se mas que em '79 era uma raridade: queijo pure chèvre.
Cerca de duas centenas de cabras white saanen asseguravam a produção diária. Dois grandes clientes assumiam-se como escoadores: uma charcutaria fina num centro comercial de Alvalade e um restaurante de fama à Conde Valbom, davam conta de mais de metade. A produção era curta, mas exemplar.
Aprendi rápido a fazê-lo, a medir a acidez do leite, a misturar científicamente o bolor laboratorial que lhe dá aquela capinha aveludada, a virar com 'dedos de dama' cada um deles nas esteiras de palha dentro da câmara de fresco (não frio) até maturarem. Daí à ordenha mecânica e à assistência aos partos das cabritas foi um ver-se-te-avias de polivalência (ou 'carreira em zigue-zague' como o Belmiro gosta de chamar) . Aprendi mais em sessenta dias que em muitos outros dias passados e futuros. Mas, enfim, tinha um corpo docente à espera não tardaria muito.
Durante alguns anos ainda vi o selo nos queijos quando os de importação começaram a aparecer com mais frequência. Depois o contacto perdeu-se e devo dizer que tenho pena.
E o que isto tem a ver com desenho de formulários para decorador ver? Nada. Justamente isto: n-a-d-a. Mas é a idiotice que estou a fazer agora numa aplicação igualmente idiota.
Se comer queijo, talvez esqueça.

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