07 julho 2009

Reencontro


Ia para sete anos que já não estávamos 'tête-à-tête', a última vez tinha acontecido em Paris num jantar animado numa 'brasserie' excelente, daquelas que por muito que imitem por cá, falta sempre um 'je ne sais quoi', a começar pela ambiência.

'No fundo 'conheço-te' há mais de dez anos sem nunca termos tido a oportunidade de nos encontrarmos de verdade', dizia-me a esposa de S enquanto me apresentava também a lindíssima pequenita, filha de ambos. Acabou por se hoje, a convite dos dois, num recatado 'resort' algarvio.
S, hoje ligado profissionalmente ao sector das energias renováveis e no comando da subsidiária francesa de um grupo transalpino com planos para este solarengo país, já pouco ou nada tem a ver com uma das marcas da informática de referência que ajudou a consolidar de forma honesta e profissional em diversos países, incluíndo este. 'Too friendly of the portuguese', lembro-me de uma vez ter ouvido da boca de um parasita que ainda não foi integralmente exterminado.
Para S isso não tem agora qualquer relevância 'sabes, foram muitos zeros de francos artificialmente montados por ele a Leste', diz-me sem qualquer confidencialidade mas rematando com detalhes que não me surpreendem -apenas confirmam a minha antiga e teimosa suspeição- e enquanto tenta evitar que a bola de gelado do mini 'Corneto' caia definitivamente na t-shirt da filha.
S granjeou sempre a simpatia e dedicação profissional das equipas, pela razão principal: a confiança. Nunca perdemos o contacto, embora espaçado pelas contingências de cada um, mas a essência da amizade continua imutável. Emociona-se quando se fala da região do Médio Oriente -as suas raízes estão lá- ou quando clinicamente lhe vaticinaram, no início do ano passado, apenas uns curtos meses de vida e que a cirurgia felizmente iria, afinal, contrariar dando como errado um prognóstico fatal e duplamente opinado.
É sempre bom reencontrar amigos quando o são na verdade e as horas de conversa acabam por saber sempre a pouco.
Para outros, que julgam ter alguma 'porta secreta', tal como o Artur Garcia cantava romanticamente nos anos 60, essas, podem demorar mais ou menos tempo, mas acabam em arrombamento inevitável.


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