15 maio 2009

Conta-me, então


Irrita-me solenemente a prepotência das estações de televisão para com os seus espectadores, pior ainda, quando vem de uma estação dita pública: a RTP
É certo que posso não perceber nada dos meandros televisivos, 'shares', alinhamentos e outros aspectos desse mister. O caso não é virgem: volta e meia a direcção de programas decide arrumar com a série 'Conta-me como foi' sem apelo nem agravo, que é como dizer, sem qualquer explicação. Talvez os repetitivos programas de cançonetas e/ou danças rendam mais para o tal 'share', talvez esses que decididamente nada ensinam sejam efectivamente o espelho do entusiasmo de aprendizagem que temos no povo, no caso, afinação de corda vocal ou foxtrot.
Depois destas, só o mesmo o discutível novo humor portuga.
Na ausência da tal explicação -à data, a página web da série, nada referia e estava desactualizada, excepto nos videos disponíveis que se ficaram pela penúltima semana de Abril- pedi explicações ao Provedor da RTP, este, não tardou a responder e aqui fica a informação recebida:

" Exm. Sr(a) Em nome do Provedor do Telespectador agradeço o e-mail que enviou. Foi tomada em devida conta pelo Provedor o conteúdo da sua mensagem. Junto enviamos o texto que se encontra na página do provedor (pareceres) em www.rtp.pt, a propósito deste assunto: «COMUNICAÇÃO AO DIRECTOR DE PROGRAMAS DA RTP

1. Não quero, nem devo, interferir na criatividade dos Autores, nem sequer nos critérios que definem a actuação da Direcção de Programas da RTP.

2. Assiste-me, porém, a responsabilidade de veicular junto dessa Direcção os protestos que recebi da parte de Telespectadores em relação ao mais recente programa «Os Contemporâneos».
3. Consideram esses Telespectadores que o episódio «A Vida badalhoca de Salazar» do referido programa contém «lamentáveis cenas pornográficas», «de sexo explícito simulado», reclamando para o programa, pelo menos, a indicação de bolinha «vermelha», tanto mais que este programa se seguia a um programa - «A Febre da Dança», com crianças e, pressupostamente, direccionado para auditórios infantis e juvenis.

4. Os protestos assumem ainda um maior volume de queixas pelo facto destes programas contribuírem para retirar da grelha o lugar até agora ocupado pela apreciada série «Conta-me como foi», no dizer destes telespectadores «inexplicavelmente», e sem qualquer aviso, suspenso.

5. Por outro lado, entendem ainda os Telespectadores que o programa «A Febre da Dança» enferma de ser interpretado por um «acto falhado» de contra-programação face aos programas em exibição pelos outros operadores privados, «Atreve-te a cantar» e «Uma canção para Ti», respectivamente na SIC e na TVI.

6. Retomo o sentido inicial desta minha nota. Ao contrário do que muitos Telespectadores pensam, e querem exigir, do Provedor uma acção censória e proibitiva, julgo dever assumir uma atitude de curial comportamento, no âmbito das competências que me estão reservadas, ao veicular junto da Direcção de Programas estas reacções dos Telespectadores.
7. Aliás, esta competência comporta ainda o meu outro dever de chamar a atenção do cuidado que a RTP, enquanto serviço público distribuído para todos os Telespectadores, deve ter para não ofender, na mais diversa pluralidade, os princípios e sentimentos dos seus públicos.

Lisboa, 5 de Maio de 2009
O Provedor do Telespectador
José Manuel Paquete de Oliveira»
Informa-se ainda que em Julho irá ser repetida esta última série após o que irão ser exibidos novos episódios.

Renovando os nossos agradecimentos pela sua colaboração

Com os melhores cumprimentos

P/ Chefe de Gabinete dos Provedores
"


Créditos: imagem RTP

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