23 setembro 2007

Águas passadas


[...]Na ponta sul do mouchão ainda persistem as instalações da nascente da outrora famosa Água Minero Medicinal do Mouchão da Póvoa. Daquela que foi distinguida em 1913 com a medalha de ouro nas exposições mundiais de Londres e Roma, e em 1915 no Panamá, apenas restam garrafas vazias, os pequenos tubos envelhecidos e a água salinizada, longe de curar úlceras ou eczemas.[...]

Não havia vez nenhuma, sempre que ia a casa dos meus avós maternos, que não deparasse na cozinha com uma reserva de dois ou três garrafões de palhinha entrançada, na sua versão mais conservadora, com o rótulo "Água da Bela-Vista".
'Não bebas água da Companhia que essa nem se sabe de onde vem'- era a clássica recomendação da minha avó, referindo-se à 'água encanada' que provavelmente ainda vinha, e só, do Alviela.
A atestar essa eterna desconfiança, existia uma talha enorme com um torneirita, que era constantemente atestada com água dita 'de proveniência segura'. Ainda hoje me faz alguma espécie como teria ido parar a um 3º andar da R. de S.Marçal aquela super talha de barro, mas uma coisa era certa: não havia água choca, a temperatura era sempre fresca fosse em que altura fosse.
Muitas águas ditas 'de mesa e termais' existiram ao longo do Séc.XX, umas mais conhecidas que outras, e, enquanto a nascente não seca, ainda vamos tendo algumas que atravessaram todo esse século e resistem, oxalá, para mais uma viagem no tempo.
A da foto, já não se encontra e não deixa de ser curioso a observação no rótulo: uso externo e interno.
Sim, porque algumas, como a 'da Companhia', só seriam boas para escanhoar.

Créditos: imagem retirada Blog da rua nove


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