06 junho 2007

A tiazinha


Irrita-me solenemente quando, num estabelecimento comercial, me atendem como se fizessem um grande favor. Felizmente não são a regra, mas que os há, há.
Aquele tipo de comportamento do proprietário e/ou colaborador "aqui dentro de casa quem manda sou eu e espera se quiseres" é intolerável; pior ainda quando se tem aberto ao público um café misto loja gourmet muito chic e, onde se espera, pelo menos, um atendimento compatível e justificado pelos preços praticados, por exemplo. Se bem que, quem tem de lidar com o público, por opção ou obrigação, a simpatia e profissionalismo podem e devem ser independentes dos preços/produtos apresentados. Claro que existem também aqueles que optam por "olhe, sei lá. Abri um café gourmet para me entreter."

É capaz de ser o caso de um desses estabelecimentos montados em Azeitão, onde raramente vou precisamente pela nula empatia que nutro por quem está à frente da casa, claramente uma "tiazinha" que não nasceu para atender os seus clientes.
Ontem, calhei a entrar de novo e vi logo que o atendimento não iria ser rápido, isto porque, a tal "tiazinha" se encontrava ao telemóvel a dar instruções a alguém que não conseguia encontrar determinada rua em Setúbal; sem nunca largar a comunicação móvel, perguntou em sussuro: "Café?" "Não. Um sumo de pêra sff", disse-lhe. Sai o sumo, empatado antes de chegar ao balcão, por mais uma explicação geográfica a quem estava do outro lado da linha. "O sumo se não se importa" sussurei eu também. Garrafita colocada em cima do balcão. Faltava o apêndice: o copo. "Um copo sff" disse-lhe. "Que maçada!" a "tiazinha" sussurou entre dentes enquanto com estrondo colocava -ou atirava- o copo para o topo do balcão sem arredar o telemóvel da orelha; tanto assim é que esse mesmo estrondo-de-maçadora-má-vontade foi notado por par de clientes que entretanto tinha entrado. Um olhar meu fulminante para ela deverá ter resvalado na couraça da sua incompetência.

De resto, o tom autoritário da escrita do papelito colocado na vidraça da esplanada, logo à entrada e para que os seus clientes não se percam em divagações fúteis, é exemplar: o "não há" [serviço] e o "pague" [no acto] em bold e sublinhado, revelam bem a primária preocupação de quem gere o negócio. Tudo o resto é acessório.
Dispensável, será também o estabelecimento.


1 comments:

Luís Maia disse...

Ora aí está uma das razões, porque ás vezes se baixa de divisão , (quer dizer fechar a porta), falta de respeito pelo cliente, que só serve para pagar.
Um dia se jogar xadrez, leva xeque mate à pastor em 3 lances.