Este é o título de uma excelente série que aos Domingos à noite passa na RTP1. Admirável o cuidado posto nos detalhes, tanto figurativo, como nos próprios actores, de forma a recriar a ambiência portuguesa dos anos 60, início da década de '70. Interpretações seguras de todos os grandes actores -e mesmo os mais jovens- permitem um agradável regresso a situações/eventos/posturas que, bem vistas as coisas, não estão assim tão longe, temporalmente falando.
A vida, antes de Abril '74, era necessariamente diferente. Aos 21 era-se finalmente 'maior de idade', mas dependia-se muito de 'autorizações' para isto ou para aquilo: as mulheres, por exemplo, dependiam da magnânima autorização do marido para a abertura de uma conta bancária, obter um passaporte ou sair do país.
A portuense loja "Porfírios", tinha a sua filial na baixa lisboeta, ali à R.da Vitória, e a moda 'pop' mais avançada tinha passagem obrigatória por ali e eu, claro, não fui excepção. Não muito longe, também a loja da Maçã (não, não é essa) da Ana Salazar fazia furor na Rua do Carmo.
Os 'fundamentalistas do tabaco' ainda não tinham sido inventados: fumava-se, algo exageradamente é certo, e à luz dos padrões actuais, em todo e qualquer sítio: do estúdio da televisão em directo, à repartição de qualquer bairro fiscal. O maço de tabaco em '74 (ou por aí perto) era coisa para custar 5$00. Mas também se andava de autocarro por doze tostões e menos de metade disso, custava a pastilha Pirata, que também servia para complemento de trocos à falta de centavos.
Na série televisiva, há uma clara referência, em determinadas cenas de um jovem par, àquilo que era quase uma palavra de ordem: a poupança. Amealhar, colocar de parte uns escudos para uma qualquer eventualidade. Algo que hoje em dia, decerto num esmagador número de pessoas, é algo inviável. E não será pelo facto de já não existirem Escudos.
Por outro lado, o fenómeno dos pagamentos em prestações, tomava forma e apelava tímidamente ao consumo.
Conta-me, então, como foi.
Créditos: imagem RTP
A vida, antes de Abril '74, era necessariamente diferente. Aos 21 era-se finalmente 'maior de idade', mas dependia-se muito de 'autorizações' para isto ou para aquilo: as mulheres, por exemplo, dependiam da magnânima autorização do marido para a abertura de uma conta bancária, obter um passaporte ou sair do país.
A portuense loja "Porfírios", tinha a sua filial na baixa lisboeta, ali à R.da Vitória, e a moda 'pop' mais avançada tinha passagem obrigatória por ali e eu, claro, não fui excepção. Não muito longe, também a loja da Maçã (não, não é essa) da Ana Salazar fazia furor na Rua do Carmo.
Os 'fundamentalistas do tabaco' ainda não tinham sido inventados: fumava-se, algo exageradamente é certo, e à luz dos padrões actuais, em todo e qualquer sítio: do estúdio da televisão em directo, à repartição de qualquer bairro fiscal. O maço de tabaco em '74 (ou por aí perto) era coisa para custar 5$00. Mas também se andava de autocarro por doze tostões e menos de metade disso, custava a pastilha Pirata, que também servia para complemento de trocos à falta de centavos.
Na série televisiva, há uma clara referência, em determinadas cenas de um jovem par, àquilo que era quase uma palavra de ordem: a poupança. Amealhar, colocar de parte uns escudos para uma qualquer eventualidade. Algo que hoje em dia, decerto num esmagador número de pessoas, é algo inviável. E não será pelo facto de já não existirem Escudos.
Por outro lado, o fenómeno dos pagamentos em prestações, tomava forma e apelava tímidamente ao consumo.
Conta-me, então, como foi.
Créditos: imagem RTP
2 comments:
...sou fã desta série.
Ainda sou um "puto novo";) mas consigo identificar muitos tiques da sociedade, alguns pormenores como a loiça da cozinha, igualzinha à da minha mãe (se calhar só havia aquele modelo nas lojas). Muito bom!
Sempre gostei de ver a "doida" da Rita Blanco, que mais uma vez, está fantástica no papel que lhe atribuíram.
Também eu tive uns tios em França (mais simpáticos que os da série:) que quando vinham de férias, também no seu citroen "Boca de sapo", era um espectáculo com todas as novidades que nos davam a conhecer. Lembro-me particularmente de uns catálogos de ferramentas e bricolage, autênticas bíblias para quem, como eu, gostava de "inventar".
Enfim, cada episódio é quase como que um livro de recordações, com páginas que podiam ser a nossa própria história.
Tu vestias nos Porfirios? :D
Também gosto dessa série, faz-me recordar,esse tempos ou ainda mais remotos, porque sou mais velho não é Tio Luís ?
Aquele é o exemplo duma família, que apesar de tudo guardava uns tostões, que apesar de tudo, vivia numa casita alugada, que apesar de tudo ....
Mas também havia uma realidade da gentes de Lisboa, que vivia de ganga, (Porfírios ?), sopa, jaquinzinhos e fiel amigo, carro operários a 7 tustos, que dava ida e volta.
Muita fomita e Salazar no seu melhor.
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