28 novembro 2011

risco: futebol


Há muito, muito tempo, a civilização Maia entretinha-se com um jogo de bola, sanguinário por sinal. A começar pela própria bola de borracha com três quilos de peso, passando pelos cintos de pedra em forma de U ao redor da anca que os jogadores usavam para acertar na bola (parece que os pés eram regra proibida) e por sua vez, esta, acertar milimetricamente num estreito orifício feito num pedaço de pedra saliente nas laterais do estádio pelado. A equipa vencedora recebia honras próprias dos deuses, por outro lado, a equipa perdedora tinha as horas contadas e o altar do sacrifício ficava mesmo ao lado para que não houvesse delongas.
Se adeptos houvesse da equipa vencida, certamente não se manifestariam, nem se envolveriam em confrontos com o lado vencedor e muito menos teriam hipótese de incendiar fosse o que fosse.
No futebol moderno, diz-se que o 'penalti' foi inventado há cento e vinte anos em Inglaterra, que no início do século -e aqui já jogando com os pés, obviamente- os toques de calcanhar na bola eram proibidos e que o guarda-redes podia ser empurrado para dentro da sua própria baliza, entre outras regras que o correr do tempo se ocupou de modificar. Não sou nenhum especialista deste desporto e menos ainda um apreciador, embora veja desde 2004 e caso tenha oportunidade, os jogos da Selecção nacional. Talvez por isto me passe ao lado as tácticas dos treinadores e dos complexos métodos de '4,3,2' ou coisa parecida, 'fora-de-jogo' e por aí. Menos ainda entendo o que motiva os adeptos a acções extremadas, de pura insanidade mental, quiçá copiados de formatos idiotas estrangeiros, como se o jogo fosse um género de confronto militar e onde a técnica de guerrilha possa imperar. À falta de morteiros, incendeia-se.
Espero que não chegue o dia em que as equipas se tenham que deslocar em blindados, que os estádios não se tornem num novo coliseu romano e que os Maias não tenham dado ideias para o futuro.

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